À conversa com… Aurora Mesquita

Aurora Mesquita nasceu e cresceu em Alijó, mas grande parte da sua vida foi passada em Angola. Mais tarde regressa para desempenhar funções administrativas no antigo hospital da Misericórdia. Recorda hoje com saudade esses tempos.

A D. Aurora nasceu, cresceu e fez muito da sua vida em Alijó. Quando foi para Angola, em 1951, como mantinha a ligação à sua terra natal?

A ligação que eu mantinha com a minha família era através das cartas, mas o que se tornava difícil era o facto de enviar uma carta e ela só ser entregue passados uns meses. Demorávamos a ter notícias da família

Como era a sua vida em Angola e, mais concretamente, nos serviços dos CTT onde trabalhava?

Tinha 33 anos quando decidi tirar o curso de dactilografia, a escola dos CTT estava aberta naquela altura. Entrava às 7h e saía às 11h, o curso durou 11 meses. Ao fim deste período fiquei com o curso de Auxiliar de Administração, mais tarde andei mais 11 meses a tirar o curso de Operador de Radiotelegrafista, pois o vencimento era melhor. E foi esse curso que me deu equivalência ao 5.º ano, caso contrário não podia ir trabalhar para os correios. Mais tarde, estava como Auxiliar de Administração e fiquei a trabalhar numa estação que era mais perto de casa. Passados uns tempos o meu marido ficou doente. Fomos a um médico que nos mandou vir para Portugal para fazer o tratamento, viemos em agosto e ele faleceu em maio do ano seguinte. Os meus filhos ficaram em Angola com uma irmã minha durante este período. Depois disto, regressei para Luanda. Tinha dois filhos para cuidar, o mais velho ia para a Universidade e a mais nova estava a terminar o secundário. Depois do meu marido falecer ainda estive lá 4 anos com os meus filhos e consegui voltar a trabalhar nos correios, que eu pensava ter perdido o lugar quando vim para Portugal devido ao estado de saúde do meu marido.

De que forma sentiu o seu regresso a Portugal depois do 25 de Abril?

Naquela altura tinha vindo de Angola e trabalhava lá nos CTT, quando vim para cá não existia a especialidade de Operador de Radiotelegrafista, pois vim integrada no Quadro Geral de Adidos e nessa altura os CTT tinham sido privatizados . O diretor perguntou-me se eu queria ser transferida para Alijó para lugar de Escriturária e eu aceitei. Mesmo não sendo o curso que eu tinha feito eu precisava de ganhar dinheiro, pois queria ajudar os meus filhos.

Como surgiu a oportunidade de ir trabalhar para o Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Alijó?

Fui trabalhar para o atendimento ao público do antigo Hospital, não estive muito tempo com estas funções. Acharam que poderia ser mais útil noutro lugar, fiquei a tratar da parte administrativa. Depois tornei-me Irmã da SCMA e fiquei como voluntária a ajudar no que era necessário.

Naquele tempo, o Hospital era a instituição de saúde mais importante do concelho. Qual O papel que essa infraestrutura tinha para as pessoas? A D. Aurora contactou de muito perto com as Irmãs Vicentinas, Como é que vivenciou esse período da sua vida?

Naquela altura, as freiras ajudaram muito. Residiam lá no Hospital, algumas delas eram enfermeiras e prestaram um grande apoio às pessoas do concelho. Os meus netos nasceram naquele hospital e a minha mãe faleceu lá, elas tratavam sempre bem todos os utentes e mereciam o nosso maior respeito. O Hospital pertencia ao Estado, a SCMA naquela altura tinha o Lar e eu convivi com as freiras, sempre as tratei com carinho porque mereciam.

Do serviço dedicado à Misericórdia que memórias guarda dos Provedores com quem teve oportunidade de trabalhar?

Recordo-me do Senhor Jerónimo, era um homem muito trabalhador. Sempre vi as pessoas a ficarem depois da hora a fazer o serviço e como eu via aquele trabalho, sendo Irmã, senti-me na obrigação de também prestar o meu apoio. Fiquei com as rendas das casas, recebia o dinheiro das pessoas e eu depois entregava o dinheiro à contabilidade. Recordo-me de ter sido convidada por ele para ir à inauguração da ampliação do Lar, em 2001.

Durante o tempo que esteve a trabalhar na Santa Casa como é que a Instituição era vista no concelho?

Na altura toda a gente ajudava a SCMA, eram realizados cortejos de oferendas e todos ajudavam no que podiam. Vinham os carros dos bois carregados de alimentos, todos davam o que podiam. As pessoas ficavam muito orgulhosas com o Hospital, era visto como uma coisa muito importante para o concelho!

A Santa Casa comemora 120 anos de um serviço de proximidade à comunidade. É uma casa feita de pessoas e para as pessoas. Como antiga funcionária e com uma forte ligação sentimental gostaria de deixar uma mensagem para todos quantos lá trabalham?

Eu acho que infelizmente as pessoas precisam de emprego e a SCMA é uma relíquia que as pessoas têm aqui! Devem respeitar, trabalhar e zelar pelos interesses da Casa, tal como eu fazia. Quem trabalha merece todo o respeito. A mensagem que quero deixar aos funcionários é que sejam fiéis com a Casa, que exista lealdade para com a Instituição e entre os funcionários. Devem respeitar os utentes da SCMA e dar o seu melhor para cuidar deles!

Por Joana Vieira e M.ª Bárbara Granja

À conversa com… D. António Augusto Azevedo, Bispo da Diocese de Vila Real

Natural de Avioso, no concelho da Maia, D. António Augusto Azevedo foi ordenado presbítero a 13 de julho de 1986, na Sé Catedral do Porto. É atualmente Bispo da Diocese de Vila real, clero regional que representa e classifica como “responsável, unido e também com uma raiz cultural muito forte”.

Professor “há mais de vinte anos”, docente na Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa e Prefeito e Professor no Seminário Maior do Porto, refere “uma experiência muito rica” e que lhe permitiu ajudar os jovens “a abrirem-se a outras dimensões e a outras formas de pensar”.

Com um percurso ímpar no seio da Igreja Católica, foi nomeado Bispo Auxiliar do Porto a 9 de janeiro de 2016 e viria a ser nomeado Bispo da Diocese de Vila Real pelo Papa Francisco a 11 de maio, missão que o recebeu “com simpatia” que por um lado “o responsabiliza a um serviço importante e exigente” e por outro lado “é também uma grande prova de confiança”. Tem como lema episcopal as palavras do salmista: “Cantarei eternamente as misericórdias do Senhor”.

D. António Augusto tem um percurso ímpar no seio da igreja Católica Portuguesa. Das várias fases do seu percurso destacamos as funções que desempenhou como Bispo Auxiliar do Porto e agora como Bispo da Diocese de Vila Real. Fazendo uma retrospetiva desse percurso conte-nos quando sentiu o “chamamento” para se iniciar no sacerdócio?

Faz hoje (19 de março) precisamente cinco anos que fui ordenado Bispo. É certamente um dia muito especial. Ninguém tem propriamente uma vocação para Bispo. Ou seja, é a Igreja, na pessoa do Papa que, a quem é padre, a determinada altura, lança este desafio de servir a Igreja com a responsabilidade de ser Bispo. No meu caso, confesso que fiquei surpreendido com a notícia, mais ou menos por estas palavras “o Papa precisa de si para ser Bispo” e digamos que é uma forma muito simpática, que por um lado me responsabiliza a um serviço importante e exigente mas por outro lado, é também uma grande prova de confiança. De facto é essa relação com o Papa que, no fundo, dá a dimensão destes Mistérios no serviço da Igreja Local: primeiro como Bispo Auxiliar do Porto e agora, nestes dois anos como Bispo da Diocese de Vila Real.

Ao longo dos anos, D. António Augusto desempenhou várias funções no seio da Igreja Católica. Fale-nos um pouco desse seu percurso e em que medida o mesmo contribuiu para o seu desenvolvimento pessoal enquanto homem de fé?

De facto, ser padre e depois ser chamado à Missão de Bispo tem muito que ver com a resposta da fé! Uma Fé que já não é só uma convicção, mas é mais um compromisso no serviço do povo de Deus. As maiores responsabilidades no seio da Igreja têm sempre a marca do serviço. O que se pede é um serviço ainda mais empenhado, aprofundado e dedicado à Igreja. Nesse sentido, a pessoa tem a possibilidade de conhecer uma visão mais aprofundada, crescendo nesse sentimento e no laço que o une à Igreja.

Voltando à juventude, lembra-se quando sentiu a vontade de se juntar à Igreja Católica?

É um percurso com momentos marcantes! Há um momento marcante quando se anda na escola, quando alguém nos fala, diz e incentiva essa ideia de ser padre e de servir a Igreja. Depois, no Seminário, quando se é uma pessoa mais adolescente e crescida, pondera-se, de facto, se é o melhor caminho, numa decisão mais funda e mais forte. E finalmente quando se aproxima a Ordenação, num compromisso mais definitivo, e aí há um discernimento se é de facto esse o passo que se deve dar. Eu diria que é um caminho desde a juventude. Não é apenas um único momento, mas momentos que vão contribuindo para que a decisão seja mais amadurecida e consciente.

Nesse percurso ímpar quais foram os principais desafios pessoais e profissionais que enfrentou na sua ação pastoral?

Os desafios têm que ver sobretudo sobre a pessoa se descobrir. O nosso crescimento é a descoberta da pessoa, daquilo que ela é e daquilo que realmente ela quer. E depois numa lógica de serviço à sociedade e, no caso de um cristão, no serviço à Igreja. Portanto, são ponderados todos esses fatores, à medida em que se vai conhecendo e percebendo aquilo que se quer e que se é capaz e aquilo também que a sociedade e o mundo nos pedem… É esse discernimento de fatores que depois contribui para que a pessoa dê esse passo, mais concretamente esse compromisso.  

D. António Augusto é docente na Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, foi, em simultâneo, Prefeito e Professor no Seminário Maior do Porto. Fale-nos um pouco dessa experiência, nomeadamente do processo de preparação dos seus educandos no Seminário para os desafios que mais tarde vêm a enfrentar no seu percurso de fé?

Sou professor há quase vinte anos. Tem sido uma experiencia muito rica – embora nos últimos anos com menos disponibilidade – porque isso permitiu conhecer gente nova, com uma maior proximidade e também permitiu ajudar a abrirem-se a outras dimensões e a outras formas de pensar. O nosso ensino universitário tem qualidade evidentemente, mas peca um bocadinho por alguma setorização: há demasiada especialização e parece-me que hoje falta uma perspetiva um bocadinho mais global das coisas. Portanto, na Teologia – embora a minha área seja a Filosofia – foi possível ajudar os anos a questionarem algumas coisas e a refletirem uma forma mais abrangente.

Nomeado em 11 de maio de 2019 como Bispo da Diocese de Vila Real quais os principais pilares que sustentam a sua ação pastoral nesta região?

Compete a um Bispo numa Diocese governá-la, isto é, coordenar a ação pastoral. Neste caso concreto, dado a que estou há pouco tempo, a primeira preocupação é conhecer as pessoas, o clero, os leigos, conhecer as várias instituições. No fundo conhecer uma alargada rede de paróquias de uma Diocese quase centenária. E depois coordenar e fazer face aos desafios que se vão colocando. E hoje há desafios vários, como por exemplo o desafio da restruturação pastoral. Há algumas paróquias desertificadas, há uma considerável redução do número de padres… E depois outras questões de renovação pastoral também. Portanto, os pilares passam pela restruturação e renovação. Hoje, as vilas e as cidades têm outros dinamismos que é preciso ir acompanhando. Neste caso concreto tivemos depois, desde há um ano a esta parte, uma pandemia que veio alterar um bocadinho o que estava planeado mas tentamos fazer o melhor possível.

Numa entrevista concedida à Agência Ecclesia, em 30 de junho de 2019, o Senhor. Bispo fala da sua particular admiração por esta região. Passados dois anos da sua nomeação, como caracteriza agora o povo transmontano e como analisa o desenvolvimento espiritual e humano deste povo?

Eu já conhecia um pouco mas agora, por estar cá, conheço um pouco melhor. É, de facto, um povo com uma cultura muito forte e enraizada, cujo elemento religioso é um elemento estruturante, portanto tem uma religiosidade muito forte. Por outro lado é um povo com identidade e com as suas raízes, uma forma de ser e de estar muito próprias e muito ricas. É um povo com uma grande riqueza cultural, embora haja também alguma diversidade que são positivas e, desse ponto de vista, eu diria que é uma Diocese com uma forte identidade, com uma tradição muito enraizada e com uma marca muito forte, num contexto que é de rápida mudança e ao qual tentamos responder.

Qual a relação que julga estar estabelecida entre a espiritualidade e a beleza natural da nossa região?

O Reino Maravilhoso, como diz Miguel Torga, é de facto um dos pilares desta cultura. A ligação à terra – uma terra não só bonita feita de serras, montanhas e rios – mas também uma terra que suscita desafios: o sentido do trabalho e de cultivar a terra, de tirar dela o que é necessário para viver. É um povo que sabe apreciar não só a beleza, como também sabe viver nesta terra.

Como caracteriza o clero de Vila real?

Eu diria que é um clero unido e também com uma raiz muito forte. Eu conheço grande parte dos párocos, porque nos últimos anos a sua formação foi feita no Porto. Acima de tudo, o clero tem várias qualidades, mas também uma que eu aprecio particularmente: são pessoas com quem se pode contar! Esse sentido de ligação e serviço à Igreja estão muito presentes e nesse sentido é um clero com quem se pode trabalhar.

Qual a importância da Igreja para o desenvolvimento da vida coletiva e quais os principais desafios que atualmente enfrenta a fé cristã?

A Igreja teve sempre desafios. Ao longo dos seus anos de história, mesmo noutras civilizações e com outras culturas, a Igreja sempre soube adaptar-se no bom sentido e cumprir a sua missão em contextos diversificados. No caso de hoje, estamos num mundo de mudança acelerada, com uma forte marca de globalização, em que as questões tecnológicas e de comunicação estão em mudança profunda e, nesse sentido, a Igreja tem uma vantagem que é o facto de ser uma instituição global. Não é necessário alargar a sua presença, porque já está em praticamente todo o mundo, mas o maior desafio é corresponder a questões como a solidez da família, o trabalho, as sociedades e a dignidade da pessoa – que são questões importantíssimas para o futuro – a que se vêm somar questões mais recentes como as tecnologias e as novas comunicações – meios espantosos mas que requerem algum cuidado e atenção para não se voltarem contra o Homem – e, por outro lado, questões ligadas com o ambiente e com as alterações climáticas que, se não forem rapidamente refletidas e resolvidas poderão pôr em risco o futuro. A somar a tudo isto, uma questão de fundo um bocadinho mais espiritual, ou seja: esta globalização que favorece novos contactos e, sobretudo, favorece muito o consumo, muito o homem voltado para fora de si, que porventura está a fazê-lo correr o risco de o distrair ou de o retirar do que é realmente essencial, que é saber: “Quem é, para que vive e para onde vai”? Essas questões mais básicas estão a passar um muito ao lado e é esse fundo espiritual que a fé procura, ou seja, ajudar as pessoas a descobrir e a valorizar e este é também um desafio muito importante. A pessoa vive de forma muito acelerada, nesta vertigem que às tantas quando pára é porque é obrigada a parar, já não saber o porquê das coisas… E poderá ter perdido as referências fundamentais: as questões da vida e da família.   

A Humanidade vive tempos de imensa dificuldade económica e social, fruto de uma situação pandémica que obriga a que as pessoas estejam mais distantes e afastadas umas das outras. Como analisa esta nova realidade e quais as suas expectativas, do ponto de vista do desenvolvimento humano, para o futuro?

Eu diria que vejo com algum otimismo, embora com alguns cuidados. Ou seja, tudo o que tem que ver com o ser humano e com o seu âmbito de relações, nos últimos tempos, conheceu um aumento muito forte de possibilidades. Isto é, possibilidades de se relacionar a todos os níveis imensamente maiores e isso é uma mais-valia, porém isso não pode ser feito à custa da pessoa, a determinada altura, já não percebe as diferenças. Não perceber o que é essencial para ser feliz ou perder-se nesta diversidade tão grande de coisas. Saber quem é, aquilo que quer, qual a sua missão e o seu papel… Quais aqueles laços indispensáveis para ela não se perder e despersonalizar e esse sentido muito humano não se pode perder. 

Na sua ótica do Senhor Bispo quais as principais alterações que a Igreja Católica se viu obrigada a promover para contrariar esta tendência de afastamento interpessoal e da impossibilidade de se promoverem os habituais rituais?

A Igreja teve que adaptar normas gerais do ponto de vista sanitário, para que tudo o que era preciso fazer fosse feito dentro das regras. E isso, de um modo geral, aconteceu. Para a sua atividade foi necessário, em primeiro lugar, as comunidades, os grupos e as paróquias reinventarem-se e serem criativas. Houve um aumento muito acelerado do uso das novas tecnologias, redes sociais e de outras formas para que as pessoas mantivessem o contacto. Também a Diocese passou a transmitir algumas celebrações e algumas atividades, reuniões e formações foram feitas por via digital. Houve aqui uma capacidade – não foi igual em toda a parte porque há comunidades onde há menos meios e as pessoas têm menos possibilidades – de se adaptarem às novas exigências. Uma outra marca positiva foi, no fundo, o redescobrir e valorizar algo que estava um pouco esquecido: o núcleo familiar. Muitas famílias passaram a valorizar alguns momentos, a ter momento de oração e encontro e a participar, em conjunto, em algumas celebrações. Não foi de forma generalizada, mas houve muitas famílias que deram este passo em frente.

Estamos numa fase em que as portas das igrejas se vão voltar a abrir. Atravessamos um período da Quaresma, culminando com a principal celebração do Cristianismo que é a Páscoa. Com todas as dificuldades que atrás referiu podemos dizer que a Igreja Católica atravessa um período de renovação da fé?

Sim! Depois de no ano passado passarmos a Páscoa sem celebrações públicas e o facto de este ano já ser possível – não daquela forma habitual, com restrições e sem as habituais procissões, via-sacra e visitas pascais – é muito positivo, porque nos permite valorizar essas datas. Eu diria que ainda não é aquela Páscoa, com aquelas manifestações festivas, mas é já uma Páscoa mais próxima. É claro que fica sempre aquela marca da dificuldade das famílias se reencontrarem, um pouco como já aconteceu no Natal, mas esperamos que no próximo ano isso já possa acontecer.

 Em 2023 realiza-se, em Lisboa, a Jornada Mundial da Juventude. Este é um evento importantíssimo, não só para dar uma maior dimensão católica e de fé ao povo português, em união com outros povos do Mundo, como também para promover a participação dos jovens. Quão importante é este evento para Igreja Católica Portuguesa? E como caracteriza o papel nos jovens no desenvolvimento da ação pastoral da Igreja Católica?

Em primeiro lugar, os jovens são importantíssimos na vida da Igreja. Isso nunca é de mais sublinhar! Nem sempre isso transparece, mas o papel dos jovens, em cada paróquia, é importante. A Jornada Mundial da Juventude tem a vantagem não só de reunir os jovens de todo o mundo mas, sobretudo, dessa maneira visibilizar para eles e para outras pessoas que de facto são muitos, que contam e que são importantes. A realização da Jornada em Portugal será uma oportunidade muito interessante para os nossos e para todos os jovens, pois permitirá dar um passo em frente relativamente ao trabalho e à participação dos jovens na vida da Igreja, que têm muito a dar e muito a fazer.

No próximo ano comemoram-se os 100 anos da Diocese de Vila Real. Como pretendem assinalar esta data? Quais as principais atividades que estão previstas?

O programa está a ser ultimado. Este ano já houve algumas atividades preparatórias, embora sempre com algumas reservas que têm que ver com a evolução da pandemia. Haverá colóquios, conferências e exposições alusivas ao centenário e também aquelas celebrações mais marcantes. Queremos que seja um ano jubilar, com a marca da atualidade no trabalho destes 100 anos e também com alguns convites e desafios dirigidos às famílias e aos jovens para que haja possibilidade de redescobrir esta dimensão da Diocese.

Genericamente, são muitos os pedidos de auxílio que diariamente chegam às instituições sociais, às quais por vezes não é possível dar resposta de uma forma tão pronta quanto seria necessário. Como analisa o tecido das instituições sociais da nossa região e de que forma pensa que o mesmo se pode aproximar mais das reais necessidades das pessoas?

Nesta pandemia um dos aspetos relevantes foi naturalmente o trabalho das instituições, grande parte delas ligadas à Igreja, com várias valências – as Misericórdias, a Cáritas, por exemplo. Foi muito importante o seu trabalho, passaram por muitas dificuldades, nomeadamente as ERPI onde houve uma grande disseminação do vírus, mas queria sublinhar o esforço que as pessoas fizeram: os colaboradores, os responsáveis, que, com grande dificuldade de meios, responderam o melhor possível às dificuldades. Foi um período muito difícil. Muitas delas tiveram que reforçar os meios para corresponder a novas necessidades: famílias que ficaram em dificuldades por perda de rendimentos precisaram de apoios muito imediatos e também as instituições tiveram que se reorganizar e procurar dar resposta a estas necessidades. A pandemia veio sublinhar a importância destas instituições no presente e também dizer que no futuro vão ser igualmente importantes.

 Atualmente em Portugal existem 387 Misericórdias ativas que apoiam diariamente cerca de 165 mil pessoas e prestam um serviço muito importante às comunidades nas áreas do apoio social e nos cuidados de saúde. Como analisa o impacto destas instituições nas comunidades e em que medida esse trabalho se relaciona com os pergaminhos de tolerância, fraternidade e solidariedade da Igreja Católica?

De facto, as instituições como as Misericórdias têm duas mais-valias: por um lado, a sua história, com uma longa tradição na procura de respostas locais e concretas às pessoas de apoio às várias carências das populações e, por outro lado, a sua própria identidade com a marca cristã, em que a solidariedade não tem como foco – embora seja legítimo – o lucro, mas que estão sempre centradas na pessoa do outro que precisa de apoio. Esse fundo, cristão se quisermos, é também muito inspirador para os dias de hoje. É isso que justifica que haja tantas pessoas voluntárias, tantos beneméritos, tanta gente, que de forma muito desprendida e generosa, dá o seu tempo e os seus bens para ajudar os mais pobres. São duas marcas fortíssimas, importantíssimas e que distinguem. Isto é a alma e a história e sociedade portuguesa precisa disso.

A relação das Misericórdias com a Igreja católica conta-se para lá dos últimos cinco séculos, numa estreita relação de proximidade e cumplicidade. A SCMA completa no próximo dia 2 de Maio 120 anos de história, de um trabalho fundamental no desenvolvimento da comunidade onde se insere. Tendo em conta o lugar de destaque que ocupa na Diocese como pensa ser possível fomentar e fortalecer esta relação?

Essa ligação já existe formalmente por natureza! Agora o que me parece é que há algum caminho a percorrer no sentido em que essa cultura passe para todos os colaboradores, para a forma como se trabalha, como se faz, como se ajuda e como se prestam serviços. Isto é, sobretudo numa sociedade muito tecnológica como a da hoje, as nossas instituições não podem perder este lado humano, este lado de proximidade, este lado também com esta força comunitária, este sentido local, próprio e até familiar. São valores que outras estruturas não têm como a capacidade de proximidade e humanidade. Esses valores não se podem perder e são valores que a Igreja preza muito e é muito importante que estejam sempre presentes.

 Dada a oportunidade de conversa que nos concedeu pedíamos-lhe que nos deixasse uma mensagem à comunidade de Alijó em geral e ao universo da SCMA em particular.

Às pessoas de Alijó quero desejar uma Santa Páscoa, com saúde, com alegria e paz! À Santa Casa da Misericórdia de Alijó deixar uma palavra de reconhecimento pelo trabalho feito – a quem dirige, aos colaboradores e aos utentes – e desejar que sejam cada vez mais como uma família e que vivam o fim desta pandemia da melhor forma possível, sendo capazes de manter no trabalho todo o entusiasmo e empenho e que a SCMA seja cada vez mais fiel aos seus valores e à memória daqueles que a fundaram.

Por Joana Vieira e Pedro Espírito Santo 

  1.  

À conversa com… Carlos Magalhães, Provedor recém eleito da SCM Alijó

 

Natural da aldeia de Cabêda, freguesia de Vilar de Maçada, no concelho de Alijó, onde nasceu a 15 de agosto de 1974, Carlos Manuel Machado Magalhães é o recém-eleito provedor da Santa Casa da Misericórdia de Alijó.

Carlos Magalhães lidera um grupo de idoneidade pessoal e profissional reconhecidas, num projeto que se pretende renovado e de maior abertura da SCMA à comunidade, tornando-a mais eficaz e robusta no desenvolvimento do trabalho diário e no cumprimento dos seus desígnios sociais.

 

À conversa com… José Presa Ramos, Diretor Clínico da UCCI de Alijó

As Unidades de Cuidados Continuados Integrados prestam cuidados de saúde e de apoio social destinados a pessoas em situação de dependência, qualquer que seja a sua idade. As mesmas têm como principal objetivo melhorar a qualidade de vida do utente, promover a recuperação e incentivar a SUA autonomia.

Em Alijó existe uma Unidade de Cuidados deste género, que está sediada no antigo Hospital, estando sob orientação da Misericórdia local e que comemorou doze anos de existência no passado mês de dezembro. Para assinalar a data, o “Pelicano” esteve à conversa com o José Presa Ramos, licenciado em Medicina pela faculdade de Medicina da Universidade do Porto e hoje Diretor Clínico da Unidade, que nos vai falar um pouco sobre este tipo de respostas de saúde, do dia-a-dia desta tão importante valência, bem como fazer uma retrospetiva do percurso da UCCI nos últimos anos.

À conversa com… João Manuel Gouveia da Costa, Provedor da SCM Alijó

Doze anos se passaram desde que assumiu as funções de Provedor da SCMA. Com uma vida longa e dedicada à causa pública, o nosso convidado de hoje é Engenheiro Técnico de Eletrotécnica e Máquinas pelo Instituto Superior de Engenharia do Porto e licenciado em Animação Sociocultural pelo Instituto Piaget.

Desempenhando as funções de Professor, exerceu na Escola Preparatória de Castro Verde, entre 1982/83 e na Escola Preparatória de Marco de Canaveses entre 1983/85. Foi presidente do Conselho Diretivo da Escola Preparatória de Murça entre 1985/87 e da Escola Preparatória de Alijó entre 1987/1993. Foi também Vereador do Município de Alijó entre 1989/1993, chegando mais tarde a Vice-Presidente nos diferentes executivos municipais compreendidos entre os anos de 1994/20001, regressando em 2002 à Escola C+S de Alijó para desempenhar funções de professor.

Ao longo da sua vida ativa integrou os Órgãos Sociais de outras instituições locais, tais como o Atlético Clube Alijoense, Bombeiros Voluntários de Alijó, Adega Cooperativa de Alijó e também na SCMA. Foi ainda presidente da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens do Concelho de Alijó e Presidente da Assembleia Municipal de Alijó entre os anos de 2009 e 2013.

O nosso convidado é João Manuel Costa, um dos principais responsáveis pelo crescimento exponencial da SCMA nos últimos anos. O desafio que lhe lançamos é que embarque connosco nesta retrospetiva que pretendemos fazer dos últimos anos da instituição, num momento em que João Manuel Costa termina o seu mandato à frente dos destinos da nossa Santa Casa da Misericórdia.

 

“À Conversa com…” Marisa Pinto

Desde meados de Março que a nossa vida coletiva mudou. Vivemos tempos difíceis e de uma enorme incerteza, numa nova realidade social que nos obriga a uma adaptação tão brusca quanto necessária. É pois posta à prova a nossa capacidade de superação coletiva  e de respeito individual e inter-geracional.

 A pandemia da Covid-19 obrigou-nos a adaptar medidas de convivência social, de prevenção e controlo da infeção. Criou distâncias físicas mas estreitou laços de amizade e solidariedade que vêm tento um reflexo positivo no universo da nossa instituição.

 Decretada a emergência global no âmbito da infeção por novo Coronavírus, a Direção-Geral de Saúde portuguesa emitiu orientações específicas e direcionadas para as IPSS, que devem ser levadas em conta.

 Essas orientações descrevem os procedimentos a desenvolver para minimizar o risco de contágio e de transmissão, obrigando a nossa instituição a elaborar um plano de contingência específico e gizado em função das suas características e disponibilidades humanas.

 Para além das medidas de saúde, higiene e distanciamento social, a SCMA procurou desde o inicio salvaguardar a necessidade imperiosa de  proteger os seus utentes e funcionários, medidas que até hoje tiveram um reflexo francamente positivo na ausência de casos de infeção. Confiança no trabalho e no empenho desta instituição, porque no final vamos certamente ficar todos bem!

 Neste segundo episódio do “À Conversa com…” é nossa convidada Marisa Carva Pinto, diretora de serviços da SCMA. Licenciada em economia pelo ISCTE, está na instituição desde 2006, primeiramente inserida num programa de combate à pobreza e exclusão social (Progride), tornando-se mais tarde um dos principais catalisadores da evidente expansão desta instituição.

 É nossa intenção perceber melhor a realidade atual da SCMA, o trabalho desenvolvido neste período de grande incerteza e perspetivar o futuro.

 

1 – Quais as principais alterações orgânicas que foram promovidas pela SCMA com o inicio da situação de emergência?

Nós tivemos que fazer um ajuste, a principal questão que se levantou foi a questão dos turnos de doze horas, que foi uma das primeiras medidas que nós implementamos na instituição. Aliás, a primeira foi o fecho das visitas, que nós mesmo antes da DGS determinar esse fecho, por iniciativa nossa e por decisão da mesa administrativa resolvemos fazer esse fecho. Logo de seguida foi a questão dos turnos de doze horas para termos a Equipa Espelho, que estava em casa de retaguarda e os trabalhadores das funções administrativas e financeiras, permitir que eles pudessem fazer o Teletrabalho, íamos revezando.

 

2 – Como descreve o trabalho desenvolvido entre a equipa de prevenção e controlo de infeções da SCMA e a Mesa administrativa da instituição (nos planos teórico e prático)?

A nossa grande vantagem na Instituição é claramente a Equipa de controlo de Infeção! Eram claramente as pessoas mais sensibilizadas, não para a Covid mas para outras patologias. Nós já tínhamos implementado esse processo na UCCI com algumas campanhas e foram elas que conseguiram despoletar tudo. Ou seja, tivemos uma melhor leitura dos Planos de Contingência da SCMA. Fomos fazendo visitas e articulando com cada uma das direções Técnicas das valências para que o Plano de Contingência fosse adaptado a cada circunstância e não um muito geral que pudesse atrapalhar a dinâmica de serviço. Na articulação, quem teve um papel muito importante foram as diretoras técnicas, o controlo de infeção e eu que, entre todos, fomos conseguindo implementando medidas nos diferentes serviços. Chegamos mesmo a fazer reunião por videochamada já naquela altura com o Centro Social do Pinhão, para começarmos a fazer as implementações nas várias valências, mas foram claramente as Diretoras Técnicas, a equipa de controlo de infeção e os outros técnicos que tínhamos nas valências que deram uma grande ajuda.

 

3 – Quais foram as bases de elaboração do Plano de contingência da SCMA e que medidas destaca desse Plano?

O facto de existir uma base foi uma grande vantagem para a SCMA, que deu para que todos juntos podermos trabalhar nela. As medidas que se destacaram foram claramente o encerramento das visitas, a questão dos turnos e da criação das Equipas Espelho em todas as valências e depois as questões das rotinas com a higienização, as formações para as funcionárias em questões como a higienização, dos EPI’s utilizados, etc. Cada valência acabou por ter uma formação que foi estipulando isto, sendo que que haviam algumas valências que entretanto tiveram que fechar por forma da obrigatoriedade legal.

 

5 – Quais as principais dificuldades de adaptação que sentiram aquando da implementação do Plano de Contingência?

Claramente as financeiras! Não vamos estar a florear as coisas… Houve determinadas alturas em que não conseguíamos arranjar os EPI’s a preços razoáveis e outros que nem sequer a preços razoáveis. Havia mesmo uma dificuldade enorme de encontrar uma serie de equipamentos necessários. Para vos dar um exemplo, os fatos de proteção individual, que seriam necessários no caso de haver um surto, tínhamos preços antes da Pandemia a 1.20€ e na altura da Pandemia, para encontrarmos um a 26€ não foi fácil… Só para terem uma ideia da diferença.

 

7 – Como caracteriza o comportamento do capital humano da instituição e em que medida o mesmo mostrou disponibilidade para colaborar neste combate?

Disponibilidade a 200%! Essa também foi a grande vantagem, a nossa família uniu-se realmente aconteceu. As pessoas mostraram-se disponíveis, Houve uma ajuda entre valências enorme. As que fecharam ajudaram – e muito – as valências que estavam ao serviço. Tivemos colaboradores de serviços gerais da Creche que foram integrados quer na UCCI, quer na ERPI, que ajudaram e muito às dinâmicas de serviço, apoiando os recursos humanos afetos a essas valências e outros tiveram que se reinventar, como foi o caso das Educadoras da Creche e Jardim de Infância, que estiveram presentes com os meninos todos os dias, não como se estivessem na escola porque infelizmente não é a mesma coisa, mas criaram um canal no Youtube, com os vídeos que foram criando, para poder ainda colmatar as necessidades.

 

8 – Falar de crise social é ter a obrigação de, por outro lado, valorizar o grau de solidariedade de todos os agentes locais, sejam eles de cariz público ou particular. Sabemos que a SCMA contou com a ajuda, colaboração e solidariedade de vários organismos e empresas locais e regionais. Atendendo às necessidades diárias da instituição, quais destaca e que importância lhes atribui no combate a esta crise Pandémica?

Claramente o Município, foi o primeiro a “chegar-se à frente” e mostrar toda a sua disponibilidade. E também as Juntas de Freguesia, quer do Pinhão quer a de Alijó, que são aquelas com quem nós trabalhamos mais diariamente. Estes tiveram sempre ao nosso lado em qualquer necessidade que nós tivemos! Nós ligávamos e sabíamos que tínhamos ali uma grande colaboração, um braço direito, um apoio grande à instituição. E depois, começaram a vir as empresas privadas: tivemos empresas grandes, outras mais pequenas, que todos os dias nos foram fazendo chegar equipamentos e material que nós precisávamos, tais como as viseiras, as luvas, as máscaras e o gel desinfetante, que foram fazendo chegar quer aqui como no Centro Social de Pinhão e que muito ajudou a minimizar o esforço financeiro que nós estávamos a fazer.

 

9 – Viveram-se períodos de incerteza e enorme pressão, como comenta o comportamento das famílias dos utentes e funcionários da SCMA perante as restrições impostas?

Muito Bem! Nós fomos  os primeiros a fechar a ERPI e a UCCI e em momento algum sentido que as famílias estavam contra nós. Muito pelo contrário! O feedback que fomos tendo das famílias era o de que percebiam, embora sentissem muita falta do convívio, do toque e do estar com os familiares mas perceberam que era um problema grande, grave e que só assim seria combatido. Felizmente, até hoje, conseguimos manter um resultar positivo na nossa instituição.

 

10 –  Durante este período e atendendo ás suas especificidades, a Farmácia do Hospital é uma mais valia para toda a instituição. Concorda com esta afirmação e porquê?

Claro que é uma vantagem. Quer pela sensibilidade dos nossos técnicos, como também pelo serviço público que estávamos a prestar, não só para os nossos utentes como também para a comunidade em geral. A dada altura percebemos mesmo que estávamos a prestar um serviço público à comunidade, não estávamos só a vender medicamentos mas também a prestar um cuidado, uma atenção, estamos a dar uma palavra ou um esclarecimento à comunidade local que eu acho que é importante. Durante a Pandemia fomos até fazendo algumas entregas ao domicilio, conforme nos era pedido pelos nossos clientes. Havia a possibilidades de os nossos clientes fazerem a chamada telefónica para a Farmácia ou pela internet ou e-mail, mandavam a receita com a medicação e depois era só chegar e levantar a medicação. Até para a organização interna era muito melhor. E esse serviço ainda é possível de fazer atualmente! Nós sentíamos que estávamos a fazer serviço público.

 

11 – É em momentos de crise que mostramos, mais uma vez, a nossa força. E, para contrariar as adversidades, a SCMA resolveu embarcar no desafio lançado pelos Sons do Minho, no passado mês de Abril. A ideia passou por gravar um vídeo animado com os nossos utentes séniores e o resultado foi um super e especial concerto agendado com a Banda. O que é que está previsto? De que forma este tipo de projetos refletem a visão estratégica e comunicacional da instituição?

Para contextualizar, o concurso foi feito na ERPI, com os utentes da lá e com a animadora Patricia Cardoso, que dinamizou a gravação para o concurso e que, a nível nacional, fomos nós que ganhamos. O prémio é um concerto com os “Sons do Minho”, que será realizado à partida ainda durante o Mês de Novembro, porque temos que conciliar o facto de os nossos utentes ainda não receberem visitas e como o nossos lar permite que o concerto seja dado no exterior e os utentes estejam salvaguardados no interior do edifício, é isto que vai acontecer. Os “Sons do Minho” vêm dar um concerto aos nossos utentes do Lar e eles também já estão ansiosos e eu acho que uma atividades destas para eles é um ganho enorme.

 

12 – Atualmente vivemos uma nova fase de desconfinamento e de reabertura da Instituição à comunidade. De que forma está a correr esta fase, nomeadamente em contexto de ERPI, Creche e Centro de dia?

A reabertura da Creche de Alijó e do Pinhão correu lindamente. Nos primeiros dias ainda sentíamos alguma apreensão dos pais mas com o passar do tempo as creches estão a funcionar em pleno. O Centro de dia reabriu no passado dia 14, tem menos utentes, a rotina é completamente diferente – os utentes têm que estar de mascara, há uma serie de rotinas à entrada e à saída, mesmo no transporte não tem sido fácil esta nova dinâmica quer nas Creches como no Centro de Dia – mas tem corrido bem. Os utentes estão muito felizes por terem voltado. Quer as crianças na Creche quer os idosos nos Centro de Dia, nota-se perfeitamente isto. 

 

13 – O enorme crescimento da SCMA ao longo dos últimos anos é visível quer ao nível do alargamento da oferta das suas valências como também no aumento do número de utentes e funcionários. Quais os principais desafios que a instituição enfrenta no futuro e quais os recursos que dispõe para fazer face às dificuldades?

Os recursos é a maior dificuldade da SCMA. Quando eu entrei, em 2006, eramos perto de quarenta funcionários, hoje somos cento e trinta ou seja, num curto espaço de tempo nós tivemos um crescimento muito grande. A questão da abertura da UCCI e o Centro Social do Pinhão fez isto e a SCMA teve que se ir adaptando. A SCMA tem recorrido a uma série de projetos para ajudar, tem passado por algumas dificuldades financeiras mas estamos a tentar restruturar, redesenhar o modelo para continuarmos a prestar o serviço de excelência que sempre aos nossos utentes. E essa é sempre a prioridade da SCMA!

 

14 – A nossa instituição vem apostando na inovação, desenvolvendo ao longo dos anos diversas candidaturas para financiamento de projetos nas várias áreas de apoio social, tendo inclusive ganho o prémio BPI Sénior. O que tem vindo a ser feito a este nível? De que forma procuram inovar e fazer mais e melhor?

Temos alguns projetos em carteira. Durante a Pandemia tivemos uma candidatura à Fundação Gulbenkian para completar e complementar o projeto do BPI Sénior e temos uma série de outros projetos para complementar o mesmo. Ou seja, a questão do Apoio Domiciliário para nós é primordial. Queremos reinventar e redesenhar o Apoio Domiciliário, até porque numa lógica nacional é isto o que nos é pedido. Os idosos cada vez mais preferem estar em casa, a ERPI é hoje em dia vista já numa fase de maior dependência dos idosos – ainda há bem pouco tempo o Presidente da União das Misericórdias dizia isso mesmo: nos anos noventa, um idoso ia para o Lar de carro e hoje vai de Ambulância e acamado. É uma diferença da realidade nacional muito grande e nós somos claramente o espelho disto, por isso a aposta no Apoio Domiciliário. Com um horário mais alargado, com os serviços mais alargados e os projetos que nós temos têm muito que ver com isto. 

 

15 – Quais os projetos de crescimento da sua oferta que a instituição tem em carteira para o futuro?

Nós queremos prestar o melhor serviço: desde as crianças, dos séniores, passando pelo alargamento do leque de serviços até à comunidade. Ou seja, temos a questão da necessidade de um ATL, que não existe em Alijó, e este é um projeto que para nós também é importante. Temos a questão da requalificação da parte mais antiga da ERPI – isto para nós é também uma prioridade, que requer um investimento avultado – e temos esta perspetiva do serviços novos e alargar à comunidade alguns tipos de serviços e de bens, como por exemplo, a criação de uma loja social onde pudéssemos vender algum tipo de equipamentos necessários, a preços que nós conseguimos adquirir mais baixos e que consiga ajudar a comunidade e os cuidadores – que é outra parte que nós também achamos muito importante não descorar no Concelho.  

 

16 – Qual a importância que atribui à divulgação das atividades da SCMA, que vem sendo desenvolvido pelo gabinete de comunicação e marketing e que é evidente na dinamização das plataformas digitais e no folheto informativo “Pelicano”, no sentido de imprimir um sentimento de confiança na comunidade?

Até hoje, sempre fizemos as nossas atividades com os nossos utentes e os nossos projetos mas nunca o tínhamos mostrado à comunidade este nosso dia-à-dia. O que nós queremos é isso mesmo: que a comunidade veja, que se reveja em algumas coisas e que veja o que os nossos utentes fazem quando estamos com eles, quer os da Creche, quer os do Centro Social do Pinhão, quer os da ERPI. Nós queremos chegar à comunidade, que eles vejam efetivamente o que nós fazemos. Nós não estamos a fazer só para expor, o que nós queremos é que as pessoas conheçam a nossa instituição por dentro e a nossa realidade. Acho que este trabalho começou num bom momento. A questão aqui é mostrar às famílias, mostrar à comunidade o que nós já fazemos no dia-à-dia e mostrar essa segurança. As nossas rotinas, o que mudamos, o que corrigimos. Não somos perfeitos, precisamos de todos! Precisamos dos nossos funcionários porque são eles que estão dia após dia a prestar o serviço aos nosso utentes, são eles que são a nossa cara em qualquer uma das valências. Sem eles a SCMA não era o que é hoje, nem prestava o serviço que presta. Precisamos de todos, para chegar mais longe e prestar um melhor serviço à comunidade.

 

17 – Há alguns meses que a SCMA trabalha em estreita parceria com a “Boa Ideia” no sentido de restruturar a instituição e torná-la mais robusta perante os desafios. Como comenta este trabalho de parceria e de que forma vem sendo desenvolvido?

A equipa da “Boa Ideia” veio trabalhar connosco no inicio de 2019 e a política foi sempre conhecer a instituição por dentro e depois fazer as adaptações que forem necessárias. É este o trabalho que tem sido feito no último ano, ou seja, conhecer bem a realidade, o que fazemos e como fazemos, corrigir o que temos que corrigir, redesenhar procedimentos internos que tínhamos para uma maior eficiência, para tirarmos mais proveito do nosso trabalho e das nossas equipas no terreno.

 

18 – Para finalizar, qual a mensagem (de esperança/confiança) deseja deixar a todo o universo da SCMA (sejam funcionários, utentes e famílias e comunidade em geral)?

Em primeiro lugar, desculpem todos, a minha primeira palavra vai para os nossos funcionários. Eles são a nossa cara e os nossos braços. Eu aqui, como costumo dizer, sou uma mera treinadora de futebol: Eles são os meus jogadores – os meus Ronaldos ou os meus Messis – e eu sou só uma mera treinadora e o que eu faço é pôr a equipa a jogar. Preciso deles porque sem eles não conseguíamos prestar o serviço que temos e sem eles não conseguiríamos transmitir também às famílias esta segurança. Quanto às regras, nós tentamos ao máximo garantir que sejam cumpridas criteriosamente para que o “bichinho” não chegue cá dentro, não entre, e que salvaguardemos os nossos utentes. A minha prioridade sempre, sempre, sempre é esta: os utentes estão em primeiro lugar e sem os meus funcionários, nunca vou conseguir prestar um serviço de excelência.

À Conversa com… Francisco Valente Jerónimo

“À CONVERSA COM…”

Ex. Provedor Santa Casa da Misericórdia de Alijó
FRANCISCO VALENTE JERÓNIMO

Fundada em Maio de 1901, a SCMA assume-se como uma associação de fiéis, constituída na ordem jurídica canónica e que tem como principal objetivo servir a comunidade onde se insere, satisfazendo as suas carências sociais e, ao mesmo tempo, praticar atos de culto católico em harmonia com o espirito tradicional. Para além da sua dimensão ao nível dos serviços prestados, a SCMA é hoje também uma das maiores empregadoras do concelho de Alijó. Conta atualmente com uma oferta de treze respostas sociais e cerca de cento e trinta colaboradores. Mas nem sempre foi assim!

Dada a sua história rica ao serviço da comunidade e porque também é missão desta instituição dar-se a conhecer enquanto agente de desenvolvimento local, iniciamos hoje um ciclo de conversas com aqueles que diariamente dão, ou deram no passado, o melhor de si em prol da instituição. O desafio que lhe deixamos é que embarque connosco nesta pequena viagem ao passado da SCMA e que fique a conhecer melhor o caminho que a mesma fez até se tornar no que é hoje.

O nosso primeiro convidado é Francisco Valente Jerónimo. Quis a circunstância de uma vida que viesse para Alijó enquanto Inspetor do Ministério da Justiça. Por cá casou, sendo sua esposa natural de Santa Eugénia, e por cá constitui a sua família e se tornou uma das principais figuras da SCMA. Conhecido pelo seu empenho, determinação e máximo rigor, Francisco Jerónimo abraçou o projeto da SCMA quando a mesma apenas contava com uma oferta de seis respostas sociais e cerca de cento e vinte e quatro utentes. Foi provedor da SCMA durante mais de trinta e um anos, funções apenas interrompidas entre 1978 e finais de 1980. Quis o destino que se voltasse a sentar na cadeira de Provedor em 1981 e que se constituísse naturalmente e por força do seu trabalho como figura central no crescimento inquestionável da SCMA, tornando-a uma referencia não só no concelho de Alijó como em toda a região do interior norte.

Entrevista:
SCMA: No Plano pessoal, conte-nos como acontece a sua vinda para Alijó?

Francisco Valente Jerónimo: Como sabem, eu apresentei-me em Alijó em 1977. Quando vim para Alijó as minhas relações eram com várias pessoas, designadamente com o Dr. Barroso, que na altura era pároco da freguesia. Passado algum tempo de estar em Alijó, o ex. Padre Barroso convidou-me para a Mesa de Assembleia da Misericórdia. Entretanto correram uns meses, o Padre Barroso teve que sair mas indicou-me como Provedor. Ora, foi a partir daí, como o tribunal ficava mesmo pertinho da casa do Padre Barroso, que eu então endendi que devia continuar porque, como já disse, ainda cheguei a trabalhar algum tempo como Mesário.

 

SCMA: O que o motivou, à época, a abraçar o projeto SCMA?

FVJ: Como sabem, eu apresentei-me em Alijó em 1977. Quando vim para Alijó as minhas relações eram com várias pessoas, designadamente com o Dr. Barroso, que na altura era pároco da freguesia. Passado algum tempo de estar em Alijó, o ex. Padre Barroso convidou-me para a Mesa de Assembleia da Misericórdia. Entretanto correram uns meses, o Padre Barroso teve que sair mas indicou-me como Provedor. Ora, foi a partir daí, como o tribunal ficava mesmo pertinho da casa do Padre Barroso, que eu então entendi que devia continuar porque, como já disse, ainda cheguei a trabalhar algum tempo como Mesário.

 

SCMA: Como foi o processo de eleição enquanto Provedor da instituição e como foi a sua adaptação?

FVJ: Muito fácil! Foi tão fácil essa adaptação que me mantive lá durante cerca de trinta e um anos, talvez mais um bocadinho. Houve um interregno porque eu convidei o Professor Morais de Carvalho para ocupar o cargo, reconhecia-lhe a capacidade. Ele aceitou o lugar de provedor, mas passados três anos quis sair. Ora, como ele tinha a sua vida, estava a dar aulas, eu decidi reassumir até 2011, data em que eu indiquei o Eng. João Manuel Costa para me substituir.

 

SCMA: Como caracteriza a SCMA na altura em que se tornou Provedor? Qual era a oferta?

FVJ: Quando entrei, as valências eram o Hospital e a Creche, o primeiro Lar. Mais tarde fizeram-se umas obras e acrescentou-se espaço ao Lar. Havia muita gente que pedia uma vaga e houve necessidade de o aumentar.

 

SCMA: Qual o impacto social que a SCMA tinha na comunidade e de que forma a provedoria interagia com a mesma?

FVJ: Em relação aos corpos sociais, eu gostei muito de trabalhar com todos eles – alguns até ainda sou amigo. Em relação ás pessoas de fora a mesma coisa. Ao nível das relações – já o tenho dito muitas vezes – nunca tive um único problema com qualquer pessoa. Tudo correu às mil maravilhas! Eu trabalhava muito no gabinete, tinha a minha profissão e as pessoas quando se dirigiam a mim para tratar de assuntos relacionados com a creche ou o lar foram sempre de uma delicadeza extraordinária, respeito e cordialidade. E eu retribuí também, sempre!

 

SCMA: Quais os principais desafios que enfrentou quando chegou à SCMA?

FVJ: Confesso-lhe que não notei grandes dificuldades, mesmo com o corpo de funcionários cuja maior parte já está reformada, foram sempre muito educados e respeitosos. Só tenho que dizer bem quer dos funcionários em particular, quer das pessoas com quem trabalhei no geral.

 

SCMA: Qual foi o seu projeto bandeira?

FVJ: O meu primeiro projecto foi o alargamento do lar da terceira idade. Começamos por aí, sempre com a colaboração quer dos Mesários quer das pessoas das minhas relações e da comunidade em geral. Depois a remodelação da Creche. Tivemos que construir o novo edifício e no edifício onde estava instalada a creche, fizemos umas grandes obras, onde ainda investimos um bocado, e fizemos a secretaria e o salão nobre. Depois, outra obra grande, foi a remodelação do antigo hospital – não no hospital inaugurado em 1941 mas sim o edifício onde funciona a farmácia do hospital. Nele criamos sete escritórios, mais habitações. E a farmácia também, que nos deu muito dinheiro a ganhar. Constato que, por exemplo, as obras do edifício do Lar da terceira idade não foram subsidiadas e foi tudo feito a expensas exclusivas da SCMA, embora a Segurança Social tivesse sempre conhecimento das obras que realizamos. Acontece que eu na altura teria que arranjar alguém para fiscalizar as obras e a Segurança Social prestou um enorme e importante apoio.

 

SCMA: Concorda com a ideia de que projetos como o da UCCI ou do Centro de Dia do Pinhão contribuíram decisivamente para o crescimento da SCMA (pela dimensão e pelo alargamento geográfico para o sul do concelho)?

FVJ: Eu acho que sim. Contribuíram muito, penso eu!

 

SCMA: Conte-nos um pouco de alguma história relacionada com esses projetos?

FVJ: Em relação ao Centro do dia do Pinhão particularmente, realmente eu tudo fiz para que se fizesse e aconteceu realizar-se a obra. Essa obra já foi inaugurada no tempo do novo Provedor mas foi preciso ir muitas vezes à Segurança Social para desbloquear inúmeras situações e consegui que nos autorizassem a realização do projecto. Mas como digo, já foi construído no tempo do atual provedor.

 

SCMA: Como comenta o crescimento exponencial da SCM e o impacto que hoje tem no concelho de Alijó?

FVJ: Sabe, eu ia às reuniões todas que eram feitas na União das Misericórdias, em Fátima, e aí trocava muitas informações com os outros Provedores e responsáveis e tentávamos sempre ver e ouvir para recolher ideias para desenvolver o mais possível a instituição.

 

SCMA: Na sua opinião, quais os principais pergaminhos que devem nortear a gestão de instituições com a mesma matriz da SCMA?

FVJ: Eu penso que é a dedicação! Se houver dedicação vai-se longe, se não é muito mais difícil.

 

SCMA: Como caracteriza a SCMA na altura em que se tornou Provedor? Qual era a oferta?

FVJ: Quando entrei, as valências eram o Hospital e a Creche, o primeiro Lar. Mais tarde fizeram-se umas obras e acrescentou-se espaço ao Lar. Havia muita gente que pedia uma vaga e houve necessidade de o aumentar.

 

SCMA: Como comenta o papel do Estado Central e das Instituições públicas locais no apoio a instituições que prestam serviços fundamentais às comunidades?

FVJ: Confesso que poucas vezes recorri a essas instituições, poucas vezes! Mas as relações também foram sempre muito boas. Havia uma envolvência grande de todos.

 

SCMA: Foi provedor durante cerca de 30 anos, trabalhou com diferentes colaboradores e é talvez o grande responsável pelo crescimento da instituição. De todo esse tempo, qual foi para si o melhor período enquanto Provedor?

FVJ: Eu gostei sempre da Misericórdia! Nunca tive qualquer problema não só com os restantes Mesários como com o pessoal, os funcionários e todas as pessoas de fora.

 

SCMA: Como comenta a sua política de gestão? É ainda hoje reconhecido por todos que o Sr. era bastante rigoroso na gestão da instituição. Como comenta essas referências?

FVJ: Em relação a isso, eu sou acusado de ser muito rigoroso mas entendo que se eu aceitei o lugar de Provedor foi para defender os interesses da Misericórdia. Devo dizer que, mais do que uma vez e de “tantos em tantos anos”, aconteciam visitas a vários países onde há Misericórdias e eu ia muitas vezes e achava sempre por bem visitar, ver e ouvir. Poupava bastante, não deixava desperdiçar! Tive sempre muito apoio quer da mesa quer do concelho fiscal mas também de toda a comunidade, que se portou sempre dignamente. Com a máxima franqueza, todas as pessoas me deixaram saudades! A Misericórdia aproveitava todos os tostões para poder chegar ao final do ano e ter algumas importâncias de reserva – e as mesmas chegaram a atingir os 12 mil contos, por causa dos prontos pagamentos. A SCMA pagava a pronto pagamento e as empresas davam – já não me recordo bem – à volta de 3% de desconto. Portanto, nós também ganhávamos muito dinheiro com os descontos a pronto pagamento. Sabe que, talvez pela minha profissão, eu perguntava muito aos colegas sobre a imagem que tinham “da minha casa”, sobre a imagem que tinham de nós.

 

SCMA: Quais as melhores recordações que guarda dos seus anos de trabalho na SCMA enquanto provedor? Há alguma história caricata que queira partilhar connosco, alguma maroteira que lhe tenham feito?

FVJ: Se me fizeram alguma não me apercebi (risos). Mas é natural que sim! São lugares não remunerados e nem todos os querem mas devo dizer-lhe que me dediquei imenso à Misericórdia. Por exemplo, quando precisava de tratar de alguns assuntos fora do concelho ou quando as reuniões era em outros países, quando era na apresentação das despesas com deslocações ou refeições, eu não metia as despesas nas contas. Ou quando precisava de tratar de assuntos relacionados com a Misericórdia, por exemplo com os engenheiros ou arquitetos, eu tinha que resolver os problemas e resolvia-os a bem da Misericórdia. Podia andar de táxi mas fazia questão de andar de autocarro porque entendi que não devia gastar muito dinheiro à Misericórdia. Gastava apenas o indispensável! Tudo isso contribuiu para que fizesse um trabalho próspero.

 

SCMA: Qual a mensagem que quer deixar a todo o universo da Stª Casa da Misericórdia de Alijó?

FVJ: A mensagem que deixo é que ficarei muito contente se eles continuarem a desempenhar com honorabilidade as funções que lhes foram confiadas. A mensagem terá que ser essa. Desejar-lhes um bom futuro, deles e da Misericórdia. Cuidar dela e enquanto estiverem nos lugares podem fazer muito. Façam sempre tudo pelo melhor. Os meus desejos são que corra sempre tudo pelo melhor!